- 26 Ago, 2016
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Interface: Entre o Cérebro e a Tecnologia
Poder comandar sempre foi um desejo humano. Ter o poder de dar a ordem e ver concretizado o desejo é uma aspiração que faz parte de nós. Com isto em vista investimos na criação de batalhões de máquinas e equipamentos que nos permitem coordenar todas as tarefas com o premir de um simples botão.
À luz do que foi já conquistado é fácil perceber que se o cérebro consegue levar-nos tão longe a fragilidade do corpo, nos deixa muito a desejar. A pele é sensível e fere-se facilmente, os ossos quebram, os braços não são asas e os olhos não têm raio-x. Entre a ficção científica e o sonho de um poder e controlo sem limites nascem as primeiras máquinas comandáveis com a mente. E há um novo mundo à nossa espera.
Se o carro é uma extensão das nossas pernas, se os acidentes que resultam em amputações se tentam superar com próteses que se unem ao corpo, o cérebro, que tudo comanda, estreita agora as ligações entre nós e as máquinas.
Poder comandar um jogo, uma prótese ou um objeto apenas com o poder da mente já não é ficção. A tecnologia que permite traduzir as ondas mentais em comandos que efetivamente controlam um computador já existem. Esta interface que une cérebro e um mecanismo externo pode abrir novos caminhos não só na medicina, não apenas nos jogos, mas em tudo o que fazemos e na forma como existimos.
Os sensores EEG foram já utilizados em heatsets para jogadores poderem controlar movimentos com os sinais emitidos pelo cérebro e implantes de elétrodos permitem já o controlo de membros e próteses. EEG é a sigla que designa a eletroencefalografia, o registo gráfico das correntes elétricas que corroem no encéfalo. Estes registos definem os caminhos utilizados para que a comunicação entre o cérebro e membros ocorra e da mesma forma pode ser "ligada" a computadores.
As experiências têm sido desenvolvidas com sucesso nos últimos anos. Desde dados que apontam para o poder do yoga e da meditação, que sugerem um aumento das capacidades do interface, quanto maior é a envolvência com a disciplina; até estudos feitos com doentes acamados com paralisia que conseguem interagir mexendo um braço robótico.
Um dos "milagres" deste avanço tecnológico permite que a comunicação ocorra também de forma contrária. Imagine-se que se torna possível a um paciente invisual receber no cérebro aqueles que seriam os sinais exatos que o nervo ótico envia ao ver, por exemplo, a cor vermelha. Em teoria, com ajuda de uma câmara e dos sensores neuronais corretamente ligados torna-se possível ver a cor se nunca ter tido o sentido da visão, receber exatamente o mesmo estimulo que permite formar a imagem mental sem nunca ter visto a cor no sentido convencional.
O poder de comandar as máquinas, superar as fragilidades do corpo está á distancia de um pensamento e se já alguma coisa se provou é que é já visível um caminho, que segue no sentido de um aumento incomensurável da qualidade de vida.